domingo, 5 de julho de 2009

Rolling Stones

Há livros e livros, todos sabemos disso.
Mas há certos livros que, quando chegamos ao final, ficamos com uma sensação esquista. Algo entre enganado e emputecido. Foi assim que fiquei após terminar de ler esta obra stoniana.
A ideia inicial é excelente: Seguir os Stones por um ano inteiro, durante a produção de um disco. Viver junto a eles todo o processo criativo, seja nas composições, seja na gravação.
Isso foi proposto pela revista Rolling Stone ao repórter Robert Greenfield. Aliás, isso era processo comum dos editores.
E lá se foi o vibrante repórter. Chegando a Paris, parada inicial da banda, deparou-se com uma troupe enlouquecida, movida a doses cavalares dos mais diversos tipos de drogas, coroando obviamente, com a mais crítica de todas, a heroína.
O problema – e aí o autor deve ser isentado de culpa – é que não havia como abstrair a produção musical dos caras, pois naquele momento estavam mergulhados num intenso processo de consumo de drogas, trazidas pelos mais deslavados picaretas e também pelos amigos e camaradas.
Entre ler este livro e ouvir a música produzida pelos Rolling Stones, fique com o disco.

Quando do seu lançamento, em 1972, foram dois lps, que quase 20 anos depois transformaram-se em apenas um cd.
As raízes rurais, o blues americano estão acompanhados de uma rica e farta usina de sons e letras criativas.
Algumas destas canções não foram confeccionadas em Paris ou em Los Angeles (que é pra onde a banda foi pra tentar terminar o suplício).
Eram sobras de discos anteriores, Let it Bleed, por exemplo.





Fichinha /Livro:
UMA TEMPORADA NO INFERNO COM OS ROLLING STONES

Autor: Robert Greenfield
Tradução: Diego Alfaro
Editora: Jorge Zahar
Quanto: R$ 39,90 (236 págs.)
Comprei: Fnac Campinas, 2008
Minha Avaliação: Nota 4.

O DISCO
Nome: "Exile on Main St."
Lançamento: maio de 1972
Músicas: "Rocks Off" "Rip this Joint" "Shake Your Hips" "Casino Boogie" "Tumbling Dice" "Sweet Virginia" "Torn and Frayed" "Sweet Black Angel" "Loving Cup" "Happy" "Turd on the Run" "Ventilator Blues" "I Just Want to See His Face" "Let it Loose" "All Down the Line" "Stop Breaking Down" "Shine a Light" "Soul Survivor"

Comprei: Americanas, Bauru (há muuito tempo)
Minha Avaliação: Nota 10.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Boxe de Primeira!

Esta Triveteca carece de livros sobre Boxe. Talvez a ausência de textos sobre a "Nobre Arte*" indica que eu sempre gostei das lutas, porém nunca tenha me dedicado a conhecer todos os fundamentos deste enigmático Esporte.
Em meus arquivos de vídeo (tanto fitas quanto DVDs) há uma infinidade de grandes momentos de peleias e grandes lutadores, porém tudo encrustrado em meio a gravações de gols da rodada e resumos esportivos.
Bom, quero destacar dois livros: "La vida es un ring", do locutor da tv argentina Osvaldo Principi e o léndário "A Luta", de Norman Mailer.

Começo pelo final: "A Luta" é um clássico da Literatura Esportiva, mas é muito mais do que isso. Norman Mailer foi ao Zaire (hoje Rep. Democrática do Congo) para descrever "The rumble in the jungle", uma das lutas mais importantes da história do Boxe.
1974. No coração da floresta africana Muhammad Ali e George Foreman se pegaram em uma empolgante decisão de título Mundial dos Pesos Pesados.
Mailer descreve a Luta e todo seu ambiente. Começa algumas semanas antes, relatando o embarque dos pugilistas e a conturbada estadia deles por lá, que envolveu, inclusive, um polêmico adiamento da luta devido a uma contusão de Foreman.
O jornalista torce abertamente por Ali. Politiza a luta, colocando-se ao lado de Ali e dos simpatizantes do movimento "Black Power" enquanto Foreman aparece como representante da "ira branca". Um livro imperdível que mostra como ser parcial sem perder o viés jornalístico. Uma aula sobre reportagem.

Já o livro de Principi é totalmente diferente. Nascido em 1956 e narrador de Boxe da TyC desde 1971, Principi é uma figura cativante e única no universo pugilístico.
"La vida es un ring" é um "melhores momentos" coletados de uma série que ele apresentou na Tv pública argentina em 2003.
O mais bacana é que, além de entrevistar importantes boxeadores locais, ele conversa com personagens de outras áreas como o tenista Guillermo Vilas, a escultora Mariana Brihuelga, o compositor de Tango Chico Novarro e outros mais.
Gente que vive a emoção das lutas de Boxe e que sabe extrair lições dos duros combates.
Uma visão diferente da que estamos acostumados aqui no Brasil. Mundo afora se questiona a viabilidade do Boxe. Alguns sequer consideram Esporte, outros o rotulam como mera demonstração de violência e imbecilidade.
Independente disso, o Boxe segue como um dos Esportes mais populares do mundo.

* Nobre Arte porque o Boxe, nos primórdios, era disputado apenas por gente da Nobreza Britânica.


domingo, 1 de junho de 2008

Samambaia

É meu disco favorito do Chico. 1978, a ditadura começa a dar mostras de afrouxamento. O autor mesmo refere-se ao "disco da Samambaia" como "uma obra que respira". Depois de tanto sufoco para lidar com a censura, o prenúncio de novos tempos mostra-se animador e ao mesmo tempo desafiante.

"Feijoada Completa", inocente, é uma excelente maneira de se abrir um disco: Samba, comida, reunião de amigos. Se você estiver faminto, poderá até fazer uma loucura e partir pra uma Feijoada imediatamente. Incluindo laranja, seja da Bahia ou da Seleta. :)))

"Cálice" e "Tanto mar" foram concebidas antes de 78. São do início da década de 70, quando ele sofria marcação cerrada dos censores. A primeira é fruto de parceria com Gilberto Gil. A segunda, belo arranjo com instrumental português, falava da Revolução dos Cravos, de 1974, primeira iniciativa de tirar Portugal de um atraso crônico, depondo Marcelo Caetano, débil sucessor de Salazar, o ditador. É uma espécie de continuação de "Fado Tropical", onde Chico pregava "Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal. Ainda vai tornar-se um imenso Portugal". "Fado" causou revolta entre os conservadores dos dois lados do Atlântico.

"Trocando em Miúdos" e "Pedaço de Mim" são pesadas, tristes. Falam de separação, desilusão amorosa e algo mais. Em "Pedaço", a emergente e melancólica voz de Zizi Possi sobrecarrega o dramatismo do sentimento de perda.
A frase: "Que a saudade é o revés de um parto, a saudade é arrumar o quarto, do filho que já morreu" é de uma tristeza infinita, aterrorizante.

"Homenagem ao Malandro" é outra obra-prima. A sempre citada "Lapa de outrora" volta com força total. Mas, se você preferir, pode considerar que os malandros mudaram de cidade.. Malandro "regular, profissional" e até candidato "a malandro Federal"... Brasília, não ?

"Até o fim" é muito bem-humorada enquanto a citação a Cuba está em "Pequeña Serenata Diurna". Chico sempre lembra de um carimbo que havia nos passaportes emitidos naqueles tempos da ditadura: "Válido para todo o mundo, menos Cuba". "Aí é que dava vontade de ir pra lá mesmo, né", provoca.

Em "Pivete", um retrato do menor abandonado que lida com as dificuldades cotidianas, mas não deixa de se divertir. Na letra surgem até Garrincha, Pelé e Emersão (o Fittipaldi). No disco "Paratodos", de 1993, a letra muda para "Airtão" (o Senna).

Em "O meu amor", a interpretação da esposa Marieta Severo e de Elba Ramalho não me agrada. Ele mesmo canta esta música no disco AoVivo duplo de 1999. Ficou bem melhor. Aliás, são famosas as músicas em que Chico canta como se fosse uma mulher. Isso cabe num outro post.

Pra terminar este magnífico disco, um samba muito bacana, que também repousava engavetado desde 1970, quando a censura o vetou. "Apesar de você" é uma canção de vingança política (por isso que sofreu censura), mas na superfície é uma simples canção onde se pragueja contra um ex-amor. Essa figura da dupla interpretação é frequente na MPB setentista. Chico deixa a para o seu ouvinte a decisão de interpretá-la como quiser.


Fichinha /CD:

CHICO BUARQUE, 1978
Comprei: Não lembro.
Lançamento LP: 1978.
Minha Avaliação: Nota 10.

sábado, 31 de maio de 2008

Viagem Gastronômica através do Brasil

Este é um belíssimo retrato do Brasil. A miscigenação que originou o povo brasileiro, a riqueza das variedades de pratos, a transmissão verbal das receitas preservando, de mãe para filha, tradições regionais. Enfim, Caloca Fernandes usa a comida para mostrar um Brasil fantástico e feliz. Ou talvez conformado com seu destino.
A exploração harmônica da natureza pelos índios; a chegada dos portugueses com seus azeites, bolos, queijos, pães e muito mais e a introdução do negro africano na Economia e na Cultura brasileiras.
A grande aceitação da cozinha italiana, a única entre as européias que chegou aos rincões deste Brasil.
Além de toda informação histórica, o livro apresenta os alimentos básicos da confecção de diversos pratos, desde o "Pato no Tucupi", de Belém do Pará até o "Galleto ao Primo Canto" no Sul..
E as fotos ? O jornalista fotografou tudo e o resultado foi um lindo festival de cores e, certamente, sabores. Somos resultado de uma grande mistura. E a cozinha é um dos palcos mais relevantes na formação do Brasil.



Fichinha /Livro:

VIAGEM GASTRONOMICA ATRAVES DO BRASIL
ISBN: 9788573595574
Encadernação: Capa dura Formato: 24 x 30,5 258 págs.
Ano da obra: 2000
Autor: Caloca Fernandes, TRADUTOR: Doris Hefti
Comprei em João Pessoa, 2005
Minha avaliação: 9,5.


Índia na área

Nesta semana estou mergulhado num livro extra-futebol. É esse aí, escrito pela jornalista Mira Kandar. Ela é nascida na Índia e estudou nos Estados Unidos.
Uma reportagem bacana e direta. Ainda não terminei de ler, mas estou empolgado com o encaminhamento que ela dá para importantes questões.
A Índia já sofre a crise de falta de água potável para milhões de pessoas. As cidades sofrem com o êxodo rural e a falta de emprego e perspectivas para a maioria de seus habitantes.
A Índia tem mais de 3/4 de seus 900 milhões de habitantes vivendo na área rural, porém a agricultura está em crise vivendo um dilema que é comum a vários países "em desenvolvimento": investir na agricultura de larga escala visando a exportação ou matar a fome de seus habitantes?
O país intitula-se auto-suficiente em grãos, mas a verdade é que a morte por desnutrição lidera a estatística da mortalidade infantil. A Educação Pública é precária, dependente de investimentos privados e ações conjuntas entre ONGs e comunidades perdidas pelo interior profundo.
Por outro lado há uma gigantesca massa consumidora que passou a ter acesso à tv à cabo, celulares e computadores de última geração. O mercado consumidor está em franca expansão. Quando a maioria dos países possuir uma população envelhecida, a Índia será a nação com o maior número de jovens no planeta.
A autora prega que o futuro do planeta Terra passa pela resolução de problemas na Índia. Lendo mais da metade do livro, noto as grandes semelhanças entre a Índia e o Brasil.
Acho que há um excesso de preocupação com o Aquecimento Global. Certos problemas naturais da Índia não foram criados pelos seus habitantes. É uma questão que ainda não domino, portanto não posso me aprofundar.
Segundo meu professor particular Carlos Sarmento, Hindu é o crente na religião Hindu enquanto indiano é o sujeito que nasceu na Índia. Portanto, existem indianos hindus e indianos muçulmanos, por exemplo.
Confira a CNN deles. Um dia vou conhecer esse quebra-cabeça.

Fichinha /Livro:

Editora: Agir
ISBN: 9788522009312
Ano: 2008
Número de páginas: 416
Aquisição: Comprei no Empório Cultural, Bauru/SP

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Sgt Peppers

Com minúcia e demonstrando domínio sobre o tema, o jornalista Clinton Heylin, traz detalhes da criação do álbum musical que tornou-se um símbolo de uma era.

Creio que Sgt. Peppers tenha nascido de uma confluência de fatores: A ascensão de Bob Dylan e as bandas de rock psicodélico (tanto inglesas como americanas), o fato de os Beatles - principalmente McCartney - se recusarem a perder a hegemonia nas paradas de sucesso, a liberdade de criação e a euforia proporcionada pelas drogas sintéticas - LSD destacadamente - e também a exigência e a imposição por parte dos integrantes da banda de mais horas livres no estúdio para que pudessem experimentar toda a sorte de instrumentos musicais e mixagens em quatro e oito canais.

Depois do impacto das vendas iniciais, da ampla crítica positiva surgem os detratores, que praticamente "esconderam" o disco no final da década de 70, embora os fãs sempre tenham proporcionado boas vendagens nas reedições seja em CD ou qualquer outra forma de relançamento.

O autor, que é fã da banda, não se furta a criticar a mídia que forjava pesquisas "Top 10" ou "Top 100" tanto para proteger quanto para esculhambar o mítico álbum.

No final, o autor fornece uma trilha sonora para cada capítulo, o que se torna uma excelente opção para que o leitor/ouvinte se transporte até aquela época maluca.

Fichinha/Livro:
Nome: Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band
Autor: Clinton Heylin
Editora: Conrad
Aquisição: Fnac Campinas, 2008.
Minha Cotação (0-10): 7,5.

Livros, Música e Vídeo

Tô embalado! Depois do "deTrivella!!"

Criei este espaço pra falar das coisas que estão nas minhas Discoteca, Biblioteca e Vídeoteca ou que eu já tomei contato, mesmo não tendo cópia aqui em casa.

Novamente, não sei onde vou parar, mas inauguro este espaço pra hablar de algumas das minhas preferências.